Por Anna Beckh (IPU Berlin)
(English below)
O clima na mídia e na sociedade tem sido moldado por meses, se não anos, por guerras, imagens de pessoas morrendo, bombardeios no Afeganistão, Ucrânia e Gaza, inflação e aumento de custos, aprofundamento das divisões sociopolíticas e debates polarizados. Consequentemente, o clima político na Alemanha está tenso.
Em 16 de dezembro de 2024, o chanceler Olaf Scholz, do Partido Social Democrata da Alemanha (SPD), pediu um voto de confiança no Bundestag (Parlamento Alemão) após o colapso da coalizão “Ampelkoalition”, formada pelos partidos SPD (Partido Social-Democrata), FDP (partido Liberal Democrata), e Os Verdes (Partido voltado para as questões de sustentabilidade ambiental). Antes do fim do mandato de quatro anos, o governo em exercício foi dissolvido. Com o anúncio da dissolução, a coalizão “Ampelkoalition” teve que admitir seu próprio fracasso. Desde então, a Alemanha está em modo eleitoral. Slogans populistas dominaram o discurso político na preparação para as eleições em fevereiro de 2025, ataques foram lançados em todas as direções e cada passo em falso dos oponentes políticos foi explorado pelos adversários. O clima político já acalorado, tornou-se cada vez mais difícil e as divisões entre os partidos se aprofundaram.
O panorama dos partidos políticos na Alemanha
Os três partidos da atual coalizão do governo:
• Os Verdes (Aliança 90/Os Verdes) é um partido alemão que defende principalmente a proteção climática, a justiça social e os direitos humanos, posicionando-se como de centro-esquerda no espectro político. Graças ao seu forte foco na proteção climática e na sustentabilidade, eles alcançaram sua maior parcela de votos de quase 15% na última eleição federal. Entre 2021 e 2024, eles fizeram parte da coalizão do governo. O ex-presidente do partido Robert Habeck atuou como Ministro de Assuntos Econômicos e Proteção Climática, bem como Vice-Chanceler no gabinete do Chanceler Olaf Scholz desde 8 de dezembro de 2021.
• SPD (Partido Social Democrata da Alemanha) é um dos partidos mais antigos da Alemanha (fundado em 1863) e representa valores sociais-democratas. Ele defende principalmente a justiça social, os direitos dos trabalhadores, uma democracia forte e o apoio à União Europeia. Originalmente um partido clássico dos trabalhadores, o SPD é agora um partido popular de centro-esquerda. O atual chanceler vem do SPD, que frequentemente fez parte de coalizões governamentais no passado.
• FDP (Partido Democrático Livre) é um partido liberal que defende uma economia de mercado, liberdade individual, digitalização, inovação e intervenção estatal mínima. Além disso, promove o fortalecimento da UE e da cooperação internacional. Fundado em 1948, posiciona-se como de centro-direita no espectro político. O antigo líder do partido, Christian Lindner, foi Ministro das Finanças da Alemanha no governo anterior e, após vários erros e decisões governamentais bloqueadas, desempenhou um papel significativo na eventual dissolução do Parlamento Alemão.
Outros partidos relevantes para a próxima composição do governo:
• CDU (União Democrata Cristã) é um partido conservador centrista que se vê como um partido popular. Fundado em 1945, foi por muito tempo o partido governante dominante na Alemanha, particularmente sob chanceleres como Konrad Adenauer, Helmut Kohl e Angela Merkel. A CDU defende políticas sociais conservadoras, valores familiares tradicionais, preservação da identidade cultural, uma postura pró-europeia e um equilíbrio entre liberdade econômica e seguridade social. Está posicionado como de centro-direita, mas o atual candidato a chanceler, Friedrich Merz, vem tomando um rumo cada vez mais de direita, em parte para reconquistar ou impedir que os votos se desloquem para a AfD na eleição de 2025.
• AfD (Alternativa para a Alemanha) é um partido populista de extrema direita fundado em 2013. Ele está fortemente posicionado à direita do espectro político e está parcialmente sob vigilância do Escritório Federal para a Proteção da Constituição devido a tendências extremistas, ideologias racistas e esforços antidemocráticos. As principais questões do partido incluem imigração (particularmente o que chamam de remigração), política de asilo, críticas à mídia e à ordem política vigente, e oposição à integração da UE, concentrando-se em vez disso nos interesses nacionais. Inicialmente fundado nas consequências da crise da zona do euro em 2008 e no ceticismo resultante da UE, o AfD ganhou força como um partido de protesto, inicialmente apoiado principalmente por eleitores mais velhos e alta formação acadêmica. Em sua primeira eleição, não conseguiu entrar no Bundestag. No entanto, em 2015, durante a crise europeia dos refugiados, ele se renomeou como um partido populista de direita e crítico à imigração.
• A Esquerda (Die Linke) é um partido político socialista da Alemanha focado em justiça social, redistribuição de riqueza e expansão do estado de bem-estar social, situado no lado esquerdo do espectro político. Os valores-chave incluem justiça social, paz e desarmamento, direitos dos trabalhadores e anticapitalismo. O partido tem raízes no antigo Partido da Unidade Socialista da Alemanha (SED) e combina vários movimentos socialistas e comunistas.
• O BSW (Aliança Sahra Wagenknecht) foi fundado em janeiro de 2024, tornando-se o partido mais jovem no cenário político da Alemanha. É um partido socialista-populista que combina políticas econômicas de esquerda com posições sociais conservadoras. O partido surgiu como um movimento de ruptura do partido de longa data de Sahra Wagenknecht, entitulado “The Left”. Os principais valores e objetivos incluem justiça social, política econômica orientada pelo Estado, regulamentação e controle da imigração e críticas aos debates "woke", incluindo oposição à política de identidade, linguagem inclusiva de gênero e lutas culturais. Economicamente de esquerda, mas socialmente conservador, o BSW mistura posições socialistas, nacionalistas-conservadoras e populistas.
Clima político e sentimento público
Nos últimos anos, houve um aumento significativo da atividade política e das manifestações públicas na Alemanha. As pessoas estão cada vez mais indo às ruas para expressar suas opiniões. Há manifestações que levam a contramanifestações. Um exemplo são os vários “Christopher Street Day (CSD)” - evento anual que celebra o orgulho LGBTQIA+, que têm sido um símbolo de aceitação, igualdade, diversidade e amor por décadas. Particularmente, nos estados da Saxônia e Turíngia, no leste da Alemanha, os desfiles do CSD do ano passado foram acompanhados por marchas de grupos de direita que se opunham abertamente aos direitos LGBTQIA+ e a uma sociedade mais diversa (Tagesschau, 2024). No início de janeiro de 2024, um vídeo desencadeou um escândalo nacional, mostrando convidados de uma festa na Ilha de Sylt cantando: "Alemanha para os alemães, estrangeiros fora" ao som da música “L’amour Toujours” (O amor Até sempre) por Gigi D'Agostino, com alguns indivíduos fazendo saudações nazistas. O incidente foi repetido quase 400 vezes em diferentes locais (NDR, 2024). Em abril de 2024, ocorreu uma explosão em um prédio residencial na Saxônia-Anhalt que abrigava requerentes de asilo e trabalhadores estrangeiros. O ataque parecia ter um fundo extremista de direita. As vozes de ambos os lados estão ficando mais altas, os debates estão se tornando mais polarizados e o clima político está se tornando mais duro e cheio de ódio. Parece haver um profundo sentimento de insegurança em grandes partes da sociedade, que está sendo explorado politicamente, em especial por partidos de direita.
Implicações geopolíticas
Os acontecimentos geopolíticos têm um papel cada vez maior no crescente sentimento de insegurança. O aumento da influência global e econômica de superpotências que não estão alinhadas com o Ocidente, somado à falta de consistência nas mensagens políticas dos países ocidentais, fortaleceu atores políticos que enxergam a ordem internacional baseada em regras defendidas pela Alemanha e outras nações da Europa Ocidental como frágil e passível de negociação. Por exemplo, as sanções ocidentais contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, como uma resposta às violações de direitos humanos, não infligiram o nível esperado de resultados. Em vez disso, elas permitiram que a Rússia reforçasse suas redes com outros países.
O fortalecimento de narrativas anti-ocidentais como, por exemplo, da China e da Rússia, muitas vezes decorre de humilhações históricas ocorridas durante a era colonial. Enquanto isso, os países europeus ainda não conseguiram corrigir sua abordagem predominantemente paternalista, principalmente em relação a países africanos (bem como em relação a outros países no “sul global”). Como resultado, as antigas colônias estão cada vez mais se afastando da Europa, tornando a facilidade de acesso a recursos valiosos mais complicada, ao mesmo tempo em que favorecem os interesses russos. A observação de Emmanuel Macron de que antigos países coloniais na África Ocidental aparentemente "esqueceram" de agradecer ao seu país pelo apoio militar em vários conflitos foi uma ferida autoinfligida (para usar o jargão militar) e serve como um símbolo de como a Europa está causando sua própria queda por meio da arrogância (Rich, 2025). A Europa — onde a Alemanha, como maior potência econômica, desempenha um papel crucial — já passou do seu auge. O crescimento econômico alemão está estagnado, e empresas como Volkswagen, Siemens e BASF estão cada vez mais transferindo sua produção para a China (Reuters, 2024). O aumento dos preços da energia está afetando tanto as empresas quanto os consumidores, enquanto as taxas de juros mais altas dificultam os investimentos e o consumo.
A crescente perda de influência política global da Alemanha e da Europa se correlaciona, por um lado, com o declínio do crescimento econômico na Alemanha e, por outro, contribui para um aumento na sensação de insegurança entre grandes partes da população alemã. Junto a isso está o desejo de identificar e neutralizar a sensação difusa de insegurança. Uma consequência derivada disso é o desejo de fortalecer as forças armadas do país para se afirmar e se defender em uma situação percebida como ameaçadora. (O debate sobre a reintrodução do recrutamento militar e um aumento no orçamento militar se reacendeu há alguns meses). Outra consequência é a tendência de se culpar algum grupo ou adversário pela própria situação, criando a ideia de um inimigo para tornar os problemas mais compreensíveis e controláveis. Uma das estratégias mais simples e conhecidas na história humana consiste em culpar os estrangeiros, transferindo assim a responsabilidade para longe de si mesmo e projetando-a para for a, para ser combatida externamente.
Implicações políticas internas
Em 2015, a ex-chanceler Angela Merkel defendeu uma cultura acolhedora na Alemanha em relação à guerra na Síria com sua frase icônica, "Nós podemos fazer isso!" No mesmo ano, a Alemanha acolheu aproximadamente um milhão de sírios (Schlott, 2020). Nos anos que se seguiram, o número de pedidos de asilo aumentou significativamente em comparação aos níveis anteriores a 2015. Isso desencadeou um debate social e político sobre integração bem-sucedida, sociedades paralelas e as condições para direitos de asilo. Não demorou muito para que termos como "dependência do estado de bem-estar social" e "aumento das taxas de criminalidade" se tornassem vinculados à discussão. A AfD capitalizou a mudança do clima social e os medos dos cidadãos alemães. Na eleição federal de 2017, garantiu mais de 12% dos votos, compondo o Parlamento Alemão pela primeira vez. Em estados do leste da Alemanha, como Turíngia e Saxônia, a AfD imediatamente ganhou mais de 20% dos votos (Tagesschau, 2017).
A invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, que forçou muitos ucranianos a fugirem do país, reacendeu o debate sobre imigração — um tema que a direita soube direcionar habilmente a seu favor. Uma questão central no debate era por que, depois de anos na Alemanha, muitos refugiados sírios e afegãos ainda não estavam integrados ao mercado de trabalho, enquanto os refugiados ucranianos estavam ganhando seu próprio dinheiro muito mais rapidamente. Isso deveu-se em grande parte ao reconhecimento simplificado das qualificações ucranianas, um processo de asilo mais eficiente para ucranianos e seu acesso mais rápido a autorizações de trabalho. No entanto, a comparação foi usada como propaganda racista, tendo como alvo principal e estigmatizando as chamadas “meninas do lenço”, “homens subsidiados armados com facas” e outros considerados “inúteis” (ZDF heute, 2018).
Preocupações e desafios em torno da imigração foram amplamente minimizados sob o slogan otimista de Merkel, "Nós podemos fazer isso". A relutância em se envolver criticamente com as complexidades da imigração criou um vácuo político que a extrema direita prontamente explorou. Ao aproveitar as ansiedades e frustrações públicas, eles dominaram o debate e o usaram em seu favor. Como resultado, a AfD tornou-se o porta-voz daqueles que não se sentiam representados no debate político, e eles sabiam como explorar e alimentar essa tendência crescente. Durante a crise da COVID-19, a AfD adotou cada vez mais a questão da falta de liberdade de expressão e, portanto, continuou a ser a voz daqueles na sociedade que se sentiam invisíveis pelo poder politico vigente e pelas medidas obrigatórias do governo. Em resposta, outros partidos buscaram reconquistar eleitores adotando posturas mais rígidas sobre imigração e mudando sua retórica para a direita. Durante a campanha que antecedeu a eleição federal de 23 de fevereiro de 2025, a imigração foi de longe a questão mais comentada. A tentativa dos outros partidos (mesmo os de centro-esquerda) de reconquistar os eleitores resultou em propostas desesperadas sobre como lidar com requerentes de asilo e imigrantes, que se revelaram flagrantemente inconstitucionais.
Paralelamente, nos meses que antecederam a eleição, houve ataques repetidos de imigrantes (principalmente homens do Afeganistão) em várias cidades alemãs, que a AfD aproveitou como material principal para enfatizar suas ideologias racistas e impulsionar sua campanha eleitoral. As investigações suspeitam que instituições russas tenham desempenhado um papel em vários desses ataques, apoiando seu interesse em fortalecer a campanha eleitoral da AfD com suas posições pró-Rússia. Em muitos outros casos, a Rússia já tentou exercer influência na eleição (Dobrokhotov, Grozev , Lehberger, Schmid, 2025; Spiegel, 05.02.2025).
Olhando para os resultados das eleições, explicita-se que, mais uma vez, a eleição foi vencida às custas dos mais fracos da sociedade: promovendo ideologias populistas contra imigrantes e beneficiários de assistência social. A CDU garantiu aproximadamente 28,5% dos votos, ganhando 208 assentos no parlamento. Seguido pela AfD que experimentou um aumento significativo, obtendo 20,8% dos votos e ganhando 152 assentos. O terceiro vencedor da eleição é A Esquerda que obteve 8,8% dos votos, enquanto os partidos que se inclinam para o centro do espectro político perderam claramente votos se comparado ao último pleito (ZDF, 2025).
Os resultados refletem a crescente tendência de polarização no debate e na sociedade, tornando cada vez mais difícil alcançar um consenso entre as partes e superar as divisões cada vez mais profundas. Diante disso, os partidos enfrentam, mais do que nunca, o desafio de encontrar compromissos apesar das divergências e de trabalhar juntos para garantir o funcionamento eficaz do governo. A CDU, de Friedrich Merz, está liderando as negociações da coalizão e enfrenta o desafio de formar um governo operacional com os futuros parceiros da coalizão. A paralisia da tomada de decisões da coalizão anterior “Ampelkoalition”, fortaleceu a oposição (AfD e CDU) antes das eleições de fevereiro de 2025. Olhando para as eleições de 2029, o governo agora deve abordar questões urgentes, como restrições à imigração e estagnação econômica de uma forma que impeça a AfD, que está mais uma vez na oposição, de ganhar mais força, potencialmente até mesmo dando a eles uma chance na cadeira do governo.
Ao mesmo tempo, pode-se esperar fortemente que eles consigam evitar cruzar a linha tênue que os separa das ideologias racistas e, em vez disso, apresentem e implementem soluções construtivas que não sejam primariamente direcionadas contra minorias, mas para a maioria da população. As próximas semanas e meses influenciarão significativamente a futura direção política da Alemanha e, portanto, também da Europa.
Anna Rosa Beckh é Mestre em Psicologia e Pesquisadora Associada na Universidade Internacional de Psicologia de Berlim.
The Elections in Germany and the Country's Complex Future
The atmosphere in the media and society has for months, if not years, been shaped by war, images of dying people, bombings in Afghanistan, Ukraine and Gaza, inflation and rising costs, the deepening of socio-political divisions, and polarized debates. Consequently, the political mood in Germany is tense. On December 16, 2024, Chancellor Olaf Scholz (SPD) called for a vote of confidence in the Bundestag after the traffic light coalition of the SPD, Greens, and FDP collapsed. Before the end of the four-year government term, the ruling government was dissolved. With the announcement of the dissolution, the coalition had to admit its own failure. Since then, Germany has been in election mode. Populist slogans dominated political discourse in the leadup to the elections in February 2025, attacks are launched in all directions, and every misstep by political opponents is exploited. The already heated political climate became increasingly rough, and the divides between parties deepened.
The Political Party Landscape in Germany
The three former government parties:
• The Greens (Bündnis 90/Die Grünen) are a German party primarily advocating for climate protection, social justice, and human rights, positioning itself center-left on the political spectrum. Thanks to their strong focus on climate protection and sustainability, they reached their highest-ever vote share of nearly 15% in the last federal election. Between 2021 and 2024, they were part of the governing coalition. Former party chairman Robert Habeck served as Minister for Economic Affairs and Climate Protection as well as Vice Chancellor in the cabinet of Chancellor Olaf Scholz since December 8, 2021.
• The SPD (Social Democratic Party of Germany) is one of Germany's oldest parties (founded in 1863) and represents social democratic values. It primarily advocates for social justice, workers' rights, a strong democracy, and support for the European Union. Originally the classic workers' party, the SPD is now a center-left mainstream party. The current chancellor comes from the SPD, which has often been part of governing coalitions in the past.
• The FDP (Free Democratic Party) is a liberal party advocating for a market economy, individual freedom, digitalization, innovation, and minimal state intervention. Additionally, it promotes the strengthening of the EU and international cooperation. Founded in 1948, it positions itself center-right on the political spectrum. The party’s former leader, Christian Lindner, was Germany's Finance Minister in the previous government and, after multiple missteps and blocked government decisions, played a significant role in the Bundestag's eventual dissolution.
Other relevant parties for the next government formation:
• The CDU (Christian Democratic Union) is a centrist conservative party that sees itself as a mainstream party. Founded in 1945, it was long the dominant governing party in Germany, particularly under chancellors like Konrad Adenauer, Helmut Kohl, and Angela Merkel. The CDU advocates for conservative social policies, traditional family values, cultural identity preservation, a pro-European stance, and a balance between economic freedom and social security. It is positioned center-right, but the current chancellor candidate, Friedrich Merz, has taken an increasingly right-wing course, partly to win back or prevent votes from shifting to the AfD in the 2025 election.
• The AfD (Alternative for Germany) is a right-wing populist and far-right party founded in 2013. It is positioned strongly on the right of the political spectrum and is partially under surveillance by the Federal Office for the Protection of the Constitution due to extremist tendencies, racist ideologies, and anti-democratic efforts. The party's core issues include migration (particularly re-migration), asylum policy, criticism of the media and political establishment, and opposition to EU integration, focusing instead on national interests. Initially founded in the fallout of the Eurozone crisis in 2008 and the resulting EU skepticism, the AfD gained traction as a protest party, initially supported mainly by older, highly educated voters. In its first election, it failed to enter the Bundestag. However, in 2015, during the european refugee crisis, it rebranded itself as a right-wing populist and migration-critical party.
• The Left (Die Linke) is a socialist political party in Germany focused on social justice, wealth redistribution, and expanding the welfare state, to locate on the left side of the political spectrum. Key values include Social Justice, Peace and Disarmament, Workers' Rights and Anti-Capitalism. The party has roots in the former Socialist Unity Party of Germany (SED) and combines various socialist and communist movements.
• The BSW (Bündnis Sahra Wagenknecht) was founded in January 2024, making it the youngest party in Germany's political landscape. It is a socialist-populist party that combines left-wing economic policies with conservative social positions. The party emerged as a breakaway movement from Sahra Wagenknecht's long-time party, The Left. Key values and goals include social justice, state-driven economic policy, migration regulation and control, and criticism of "woke" debates, including opposition to identity politics, gender-inclusive language, and cultural struggles. Economically left-wing but socially conservative, BSW blends socialist, nationalist-conservative, and populist positions.
Political Climate and Public Sentiment:
In recent years, there has been a significant increase in political activity and public demonstrations in Germany. People are increasingly taking to the streets to express their political opinions. There are demonstrations which lead to counterdemonstrations. One example is the various Christopher Street Days, which have been a symbol of acceptance, equality, diversity, and love for decades. Particularly, in the eastern German states of Saxony and Thuringia, last year’s CSD parades were accompanied by marches from right-wing groups that openly opposed LGBTQ rights and a more diverse society (Tagesschau, 29.08.2024). In early January 2024, a video sparked a nationwide scandal, showing party guests on the island of Sylt chanting “Germany for the Germans, foreigners out” to the song L’amour Toujours by Gigi D’Agostino, with some individuals making Hitler salutes. The incident was repeated in nearly 400 cases across different locations (NDR, 11.07.2024). In April 2024, an explosion occurred in a residential building in Saxony-Anhalt that housed asylum seekers and foreign workers. The attack appeared to have a far-right extremist background. Voices on both sides are growing louder, debates are becoming more polarized, and the political climate is turning harsher and more filled with hatred. There seems to be a deep-seated sense of insecurity in large parts of society, which is being politically exploited, particularly by right-wing parties.
Geopolitical Implications
Geopolitical developments increasingly play a role in the growing sense of insecurity. The rising real-world and economic influence of non - western aligned superpowers as well as the inconsistency in policy messaging from the west has empowered political players who see the international rules-based order promoted by Germany and other Western European nations as weak and negotiable. For instance, the Western sanctions against Russia after the invasion of Ukraine, as a response to human rights violations, have not inflicted the expected level of results. Instead, they have allowed Russia to reinforce its networks with other countries.
Strengthening anti-Western narratives e.g. from China and Russia often stem from historical humiliations during the colonial era. Meanwhile, European states have still not managed to correct their predominantly paternalistic approach mainly toward African nations (as well as toward other states in the “global south”). As a result, former colonies are increasingly turning away from Europe, making ease of access to valuable resources more complicated while favouring Russian interests. Emmanuel Macron’s remark that the former colonial states in West Africa had seemingly "forgotten" to thank France for military support in various conflicts was a self-inflicted wound (to use military jargon) and serves as a symbol of how Europe is bringing about its own downfall through arrogance (Rich, 07.01.2025). A Europa — onde a Alemanha, como maior potência econômica, desempenha um papel crucial — já passou do seu auge. O crescimento econômico alemão está estagnado, e empresas como Volkswagen, Siemens e BASF estão cada vez mais transferindo sua produção para a China (Reuters, 2024). O aumento dos preços da energia está afetando tanto as empresas quanto os consumidores, enquanto as taxas de juros mais altas dificultam os investimentos e o consumo.
The increasing loss of global political influence of Germany and Europe correlates, on the one hand, with the declining economic growth in Germany and, on the other hand, contributes to a rise in the sense of insecurity among large parts of the German population. Accompanying this is the desire to identify and neutralize the diffuse sense of insecurity. One consequence derived from this is the wish to strengthen the country's military in order to assert and defend itself in the perceived threatening situation. (The debate about the reintroduction of military conscription and an increase in the military budget reignited a few months ago). Another consequence lies in assigning responsibility for one's own situation and making it controllable through the construction of an enemy image. The simplest and most well-known strategy in human history lays in blaming migrants, thereby shifting responsibility away from oneself and projecting it outward to be fought externally.
Internal political implications:
In 2015, former Chancellor Angela Merkel advocated for a welcoming culture in Germany regarding the Syrian war with her iconic phrase, "We can do this!" That same year, Germany took in approximately one million Syrians (Schlott, 17.07.2020). In the years that followed, the number of asylum applications rose significantly compared to pre-2015 levels. This sparked a societal and political debate about successful integration, parallel societies, and the conditions for asylum rights. It didn’t take long for terms like "welfare state dependency" and "rising crime rates" to become linked to the discussion. The AfD capitalized on the shifting social climate and the fears of German citizens. In the 2017 federal election, it secured over 12% of the vote, entering the Bundestag for the first time. In eastern German states like Thuringia and Saxony, the AfD immediately won more than 20% of the vote (Tagesschau, 2017).
Russia’s invasion of Ukraine on February 24, 2022, which forced many Ukrainians to flee their country, reignited the migration debate—one that the right-wing spectrum skilfully steered. A central question in the debate was why, after years in Germany, many Syrian and Afghan refugees were still not integrated into the labour market, while Ukrainian refugees were earning their own money much more quickly. This was largely due to the simplified recognition of Ukrainian qualifications, a more efficient asylum process for Ukrainians, and their faster access to work permits. However, the comparison was weaponized as racist propaganda who primarily targeted and stigmatized so-called “headscarf girls, subsidized knife-wielding men and other good-for-nothings” (ZDF heute, 16.05.2018).
Concerns and challenges surrounding migration were largely downplayed under Merkel’s optimistic slogan, “We can do this.” The reluctance to critically engage with the complexities of migration created a political vacuum—one that the far right readily exploited. By seizing on public anxieties and frustrations, they dominated the debate and used it to their advantage. As a result, the AfD became the mouthpiece for those who didn’t feel represented in the political debate, and they knew how to exploit and fuel this rising tendency. During the COVID crisis, the AfD increasingly adopted the issue of a lack of freedom of speech and thus continued to be the voice of those in society who felt unseen by the political establishment and the government’s mandated measures. In response, other parties sought to reclaim voters by adopting stricter stances on migration and shifting their rhetoric rightward. During the campaign leading up to the February 23, 2025, federal election, migration was by far the most talked-about issue. The attempt by the other parties (even center-left ones) to win back voters resulted in desperate proposals on how to deal with asylum seekers and migrants, which turned out blatantly unconstitutional (Leubecher, 08.10.2024; Zeit Online, 07.08.2023). Parallelly, in the months leading up to the election, there were repeated attacks by immigrants (mostly men from Afghanistan) in various German cities, which the AfD seized upon as prime material to emphasize their racist ideologies and push their election campaign. Investigations suspect Russian institutions to have played a role in several of these attacks, supporting their interest in strengthening the election campaign of the AfD with their pro-Russian positions. In many other cases Russia already tried to exert influence on the election (Dobrokhotov, Grozev, Lehberger, Schmid, 08.01.2025; Spiegel, 05.02.2025).
Looking at the elections results one can manifest that, ones again, the election has been won at the expense of the weakest of the society: by promoting populist ideologies against migrants and welfare recipients. The Christian Democratic Union secured approximately 28.5% of the vote, winning 208 seats in the Bundestag. Followed by the Alternative for Germany who experienced a significant surge, obtaining 20.8% of the vote and gaining 152 seats. The third winner of the election is The Left (Die Linke), who obtained 8,8% of the vote while the parties leaning towards the centre of the political spectrum clearly lost votes (ZDF heute, 25.02.2025).
The results reflect the rising tendency for a polarized debate and society, in which it is becoming increasingly difficult to reach an agreement between the parties and bridge the deepening divides. Accordingly, the parties now face the challenge, more than ever, of finding compromises despite differing positions and coming together to ensure the governments effective functioning. The CDU, led by Friedrich Merz, is heading the coalition negotiations and faces the challenge of forming an operational government with the future coalition partner. The decision-making paralysis of the previous traffic light coalition had strengthened the opposition (AfD and CDU) ahead of the February 2025 election. Looking ahead to the 2029 election, the government now must address pressing issues such as migration restrictions and economic stagnation in a way that prevents the AfD, which is once again in the opposition, from gaining further strength, potentially even giving them a chance at the government seat.
At the same time, one can strongly hope that they manage to avoid crossing the fine line that separates them from racist ideologies and instead present and implement constructive solutions that are not primarily directed against minorities, but for the majority of the population. The next weeks and months will significantly influence the future political direction of Germany and thus also of Europe.
Anna Rosa Beckh (M.A. Psychology), Research Associate at International Psychoanalytic University Berlin
Imagem retirada do site oficial: https://www.itzbund.de/DE/itloesungen/egovernment/wahlen/wahlen.html
Sources/Fontes:
Dobrokhotov, Roman; Grozev, Christo; Lehberger, Roman; Schmid, Fidelius
(08.01.2025): Geheimoperation in Afghanistan - Afghanische Flüchtlinge sollen für russischen Militärgeheimdienst gearbeitet haben under: https://www.spiegel.de/politik/deutschland/afghanische-fluechtlinge-sollen-fuer-russischen-militaergeheimdienst-gearbeitet-haben-a-c544ccc9-be89-48dd-8241-96d2a96af453
Lehmann, Julian (18.12.2015): Flucht in die Krise – Ein Rückblick auf die EU-"Flüchtlingskrise" 2015 under: https://www.bpb.de/shop/zeitschriften/apuz/217302/flucht-in-die-krise-ein-rueckblick-auf-die-eu-fluechtlingskrise-2015/
Leubecher, Marcel (08.10.2024): Jetzt warnt die SPD die FDP, in der Migrationspolitik „zu überdrehen“ under: https://www.welt.de/politik/deutschland/article253871142/Kuerzungen-fuer-Ausreisepflichtige-SPD-warnt-die-FDP-in-der-Migrationspolitik-zu-ueberdrehen.html
NDR (11.07.2024): Rechtsextreme Parole wird zum “Sommerhit”: deutschlandweit fast 400 Fälle under: https://www.ndr.de/der_ndr/presse/mitteilungen/Rechtsextreme-Parole-wird-zum-Sommerhit-deutschlandweit-fast-400-Faelle,pressemeldungndr24648.html
Reuters (2024): Volkswagen to invest $2.7 billion in Chinese production site under: https://www.reuters.com/business/autos-transportation/volkswagen-invest-27-billion-chinese-production-site-2024-04-11/
Rich, David (07.01.2025): "On a oublié de nous dire merci" : la sortie d'Emmanuel Macron passe mal en Afrique under: https://www.france24.com/fr/afrique/20250107-emmanuel-macron-ambassadeurs-merci-afrique-discours-passe-mal
Schlott, Rene (17.07.2020): "Wir schaffen das!" Vom Entstehen und Nachleben eines Topos under: https://www.bpb.de/shop/zeitschriften/apuz/312826/wir-schaffen-das/
Spiegel (05.02.2025): Politiker warnen vor zunehmenden Manipulationen durch Russland under: https://www.spiegel.de/politik/deutschland/russische-sabotage-in-deutschland-politiker-warnen-vor-zunehmenden-manipulationen-a-dd4da468-83c0-4f1e-a3e8-6e3dd4606edd
Tagesschau (2017): BUNDESTAGSWAHL 2017 under: https://www.tagesschau.de/wahl/archiv/2017-09-24-BT-DE/index.shtml
Tagesschau (29.08.2024): Proteste gegen CSDs "Uns hat die Situation in Bautzen nicht überrascht" under: https://www.tagesschau.de/inland/gesellschaft/csd-proteste-100.html
ZDF heute (16.05.2018): Kopftuchmädchen und Taugenichtse under: https://www.zdf.de/nachrichten/heute-sendungen/videos/alice-weidel-ordnungsruf-100.html
ZDF heute (25.02.2025 ): Bundestagswahl 2025: AfD verlangt stärkeren Einfluss im Bundestag under: https://www.zdf.de/nachrichten/politik/deutschland/bundestagswahl-2025-prognose-hochrechnung-ergebnisse-liveticker-102.html
Zeit Online (07.08.2023): Bundesinnenministerium will Clanmitglieder kollektiv abschieben under: https://www.zeit.de/politik/deutschland/2023-08/bundesinnenministerium-clan-mitglieder-abschiebung-nancy-faeser
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